Rock in Rio I
Festival comemora 25 anos da primeira edição nesta segunda-feira (11).
Sino do AC/DC era de gesso, e Nostradamus previu tragédia no evento.
A grande fama do evento deveu-se ao fato de que, até sua realização, as grandes estrelas da música internacional não costumavam visitar a América do Sul, pelo que o público local tinha ali a primeira oportunidade de ver de perto os ídolos do rock e do pop internacionais. Roberto Medina realizaria feito semelhante ao trazer o ex-Beatle Paul McCartney ao Rio de Janeiro naquela que foi sua primeira aparição na América Latina, no evento que ficou conhecido como "Paul in Rio" (realizado em 1990, no estádio do Maracanã). Logo depois do fim do Rock In Rio, a "Cidade do Rock" foi demolida por ordem do então governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola. A organização do festival pediu ocupação provisória do terreno, com o intuito de manter a sua posse, após o fim do evento, caracterizando invasão de propriedade pública. No entanto, Brizola decretou sua demolição para efetuar a reintegração de posse do terreno patrimônio do município do Rio de Janeiro.
Programação
Rock in Rio I (1985)
Segue abaixo a programação de cada um dos dias do festival, em sua primeira edição, no Rio de Janeiro, em 1985:
Nota: a banda Whitesnake foi convidada de última hora para participar da primeira edição do Rock in Rio, ocupando o lugar do grupo Def Leppard. A desistência deste foi marcada pelo acidente de carro ocorrido no dia 31 de dezembro de 1984, sofrido pelo baterista Rick Allen. O acidente amputou um dos braços do músico e houve uma tentativa frustrada de reimplante do braço.
11 de janeiro de 1985
300 mil pessoas
Queen
Iron Maiden
Whitesnake
Baby Consuelo e Pepeu Gomes
Erasmo Carlos
Ney Matogrosso
12 de janeiro de 1985
250 mil pessoas
George Benson
James Taylor
Al Jarreau
Gilberto Gil
Elba Ramalho
Ivan Lins
13 de janeiro de 1985
90 mil pessoas
Rod Stewart
The Go-Go's
Nina Hagen
Blitz
Lulu Santos
Os Paralamas do Sucesso
AC/DC - Bad Boy Boogie - Rock in Rio 1985
14 de janeiro de 1985
30 mil pessoasJames Taylor
George Benson
Alceu Valença
Moraes Moreira
15 de janeiro de 1985
50 mil pessoas
AC/DC
Scorpions
Barão Vermelho
Eduardo Dusek
Kid Abelha & Os Abóboras Selvagens
16 de janeiro de 1985
40 mil pessoas
Rod Stewart
Ozzy Osbourne
Rita Lee
Moraes Moreira
Os Paralamas do Sucesso
*Ozzy Osbourne - Iron Man - Rock in Rio, em janeiro de 1985
17 de janeiro de 1985
20 mil pessoas
Yes
Al Jarreau
Elba Ramalho
Alceu Valença
18 de janeiro de 1985
250 mil pessoas
Queen
The Go-Go's
The B-52's
Lulu Santos
Eduardo Dusek
Kid Abelha & Os Abóboras Selvagens
19 de janeiro de 1985
250 mil pessoas
AC/DC
Scorpions
Ozzy Osbourne
Whitesnake
Baby Consuelo e Pepeu Gomes
Scorpions - Rock You Like A Hurricane - Rock in Rio 1985
200 mil pessoas
Yes
The B-52's
Nina Hagen
Blitz
Gilberto Gil
Barão Vermelho
Erasmo Carlos
Metendo o Pé na Lama
Cid Castro
Scortecci Editora
Formato 14 x 21 - 204 páginas
1ª edição - 2008
BASTIDORES: Metendo o Pé na Lama. Escrito por Cid Castro, a obra traz detalhes curiosos e interessantes sobre o maior festival de rock de todos os tempos. Cid tem autoridade para falar sobre o assunto. Ele tinha seus vinte e poucos anos e trabalhava na Artplan – agência de publicidade de Roberto Medina que idealizou o evento – em 1985. Em destaque, detalhe da capa do livro.
Paralelo entre o vivenciado na época e o Rock in Rio atual – por Cid Castro
''Se fizermos um paralelo do Rock in Rio de 1985 e os que aconteceram posteriormente, (1991-2001-2004-2006-2008) a diferença é abismal. Desbravamos o território do show business internacional na base da porrada, já que só contávamos com a nosso arrojo profissional e praticamente nenhuma experiência. Erramos em muita coisa e acertamos em outras tantas, mas penso que o mais importante foi ter havido um bom começo. Acompanhei a produção das recentes versões européias do Rock in Rio (Lisboa e Madri) e fiquei impressionado como as coisas mudaram. Da captação dos patrocinadores envolvidos, passando pela organização do festival e a brutal tecnologia que envolve hoje o evento, é tudo diferente. É como comparar o carnaval do Rio de Janeiro dos anos 70 ao que se vive hoje na Marques de Sapucaí.O conceito atual do festival mudou, porque o mundo também mudou. A sociedade de consumo consome hoje muito mais coisas do que consumia há 20 anos. O desejo de liberdade, a luta contra o regime ditatorial, eram ambições de quase todos os jovens daquele tempo. Hoje anseia-se pelo I-Phone3G ou estar no Second Life. Quantas pessoas estariam dispostas hoje a chafurdar durante horas numa lama fétida debaixo de um dilúvio carioca? O Rock in Rio transformou-se numa Disneylândia, com desfile de modas, pista de neve, e agências bancárias eletrônicas, fornecendo o dinheiro necessário para que todos possam saciar a sua sede de consumo. Não quer dizer que isso seja melhor ou pior, as coisas são como são. É um reflexo da sociedade em que vivemos. Independente do formato, o importante num festival de rock é a comunhão do público com o evento.''
Confira abaixo dez curiosidades sobre o Rock in Rio I:
1 - Nostradamus x Bola - Circulavam boatos na época de que uma profecia de Nostradamus diria que um festival na América do Sul acabaria em tragédia. Para combater os rumores, a organização contratou um astrólogo, chamado Bola, para fazer o mapa astral do Rock in Rio. Ele disse que seria um festival tranquilo e acertou em cheio os resultados, até nos pontos baixos (falta de lucro e mau tempo).
2 - Era uma vez um pântano - A Cidade do Rock, arrendada em um campo ao lado do Autódromo de Jacarepaguá, levou três meses só para ter a base pronta. Em novembro de 1984, o pântano de 85 mil metros quadrados havia se transformado em uma área urbanizada com ruas, saneamento, área de lazer e heliporto. Foram necessários 55 mil caminhões de terra para adubar o aterro.
3 - Apostando tudo - Os potenciais patrocinadores do festival avisaram que só entrariam com o dinheiro depois que 50% das atrações internacionais estivessem confirmadas. Sem dinheiro para começar os trabalhos, Roberto Medina teve que dar o prédio de sete andares da agência Artplan como garantia para um empréstimo bancário.
4 - 'Paitrocínio' - O festival quase não aconteceu por falta de atrações. Apesar da experiência da Artplan, que já realizara shows de artistas como Barry White, Julio Iglesias e a apresentação lotada de Frank Sinatra no Maracanã com 160 mil pessoas, Roberto Medina passou 40 dias em Nova York correndo atrás de artistas, sem sucesso. Só depois da intervenção de seu pai Abraham Medina, preocupado com o sucesso da operação, é que as coisas começaram a andar – ele publicou matérias pagas em jornais estrangeiros e organizou um cocktail em Los Angeles, e então os contratos começaram a ser fechados.
5 - Jeitinho brasileiro - Para dar agilidade na troca de artistas do festival, que tinha apenas um palco, o cenógrafo Mário Monteiro criou uma estrutura móvel com três “palcos” distintos, correndo sobre trilhos – enquanto uma banda tocava, o equipamento da outra era preparado no tablado lateral.
6 - Saúde é o que interessa - Sem bebidas alcoólicas no camarim, os metaleiros do Whitesnake tinham direito a personal trianer e aquecimento com ginástica antes do show, correndo pela área de camarins. Completavam o time um nutricionista e um massagista.
7 - New wave - A baixista Tina Weymouth e o baterista Chris Frantz, casal que na época integrava o Talking Heads, tocaram como convidados especiais dos colegas da new wave norte-americana B-52s.
8 - Fazendo média - Matthias Jabs, guitarrista do Scorpions, tocou com uma guitarra com o corpo com o formato da América do Sul, inspirado no logo do festival. Para não fazer feio em cima do palco, a banda ainda contava com um coreógrafo, e cada pulo e giro de microfone era ensaiado.
9 - Sinos do inferno - O sino que o AC/DC tocava no início de “Hell’s bells” pesava 1.500 quilos, e teve que ser trazido de navio. Mas, na hora de subir no palco, não deu: a estrutura não aguentaria o peso. A solução foi uma réplica de gesso do sino, e a badalada foi disparada eletronicamente.
10 - Proibido comer morcegos - Com medo de que Ozzy Osbourne cometesse alguma loucura como comer morcegos no palco, a organização o proibiu contratualmente de abocanhar qualquer animal vivo durante o show. Para garantir que a cláusula fosse cumprida, membros da sociedade protetora dos animais fiscalizaram o show.
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Realmente foi o maior marco na historia dos festivais aqui no Brasil, estive na segunda semana deste festival com muita chuva e lama mais foi a melhor coisa que vi, trago na minha memoria grandes apresentações que tive a oportunidade de ver, o que sentimos naquele momento não tem como falar foi magico.
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